Paulo Betti "abre o baú" de suas memórias e histórias familiares em "Autobiografia Autorizada", espetáculo com o qual vem circulando pelas unidades da Caixa Cultural espalhadas pelo Brasil.
No Recife, o monólogo cumpre temporada de hoje (23) a 25 de julho, sempre às 20h.
Conhecido pelo grande público por seus papéis na TV, o ator paulista estreou a peça em 2015, baseado em seu próprio passado. No palco, ele revisita sua origem, interpretando pessoas de sua família, como o pai, a mãe e a avó.
Intuição
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Paulo Betti revelou que a ideia de escrever o espetáculo autobiográfico surgiu de um sentimento de necessidade muito forte.
"É como se eu tivesse me preparando a vida inteira para fazer isso, porque eu sempre fui um anotador. Talvez, por ter sido um filho temporão e ter observado o processo de envelhecimento dos meus pais muito cedo, tinha a sensação de que eles queriam que eu contasse a história deles", contou.
Para escrever o monólogo, Paulo Betti tomou como base nas anotações que tomava durante a adolescência, além dos artigos semanais que assinou para um jornal de Sorocaba, sua cidade natal, ao longo de quase 30 anos. As "circunstâncias razoavelmente excepcionais" de sua trajetória deram a ele a segurança de que poderia criar algo interessante para o público.
Revisitando
o passado
Caçula de 15 filhos, Paulo Betti é neto de um imigrante italiano que, no Brasil, trabalhou como meeiro para um fazendeiro negro. Ele cresceu em um quilombo e a casa onde nasceu era uma antiga senzala.
A mãe do ator era analfabeta e trabalhava como empregada doméstica. Já o pai sofria de esquizofrenia e passava por constantes internações.
Sobre revisitar tantas memórias, o ator admite que "é um processo, às vezes, doloroso", mas "muito estimulante", ao mesmo tempo. Nem todos os assuntos, no entanto, foram levados parar no palco.
"Acho que o tempo todo a peça envolve essa escolha de um recorte. Primeiro, porque eu tenho um condicionamento de tempo. Resolvi focar na infância e na adolescência, já que são os períodos mais estruturantes de uma pessoa", analisou.
Dor e
humor
Apesar das dores contidas em certas lembranças, o ator não abre mão do humor, elemento que o acompanhou em alguns dos seus papéis mais famosos, como o fofoqueiro Téo Pereira da novela "Império (2014)" ou o personagem-título do filme "Ed Mort" (1997). "Essa peça é 50% comédia, 25% drama e 25% poesia", define o ator.
Em "Autobiografia Autorizada", Paulo é dirigido por Rafael Ponzi e por Juliana Betti, filha do ator com Eliane Giardini.
"Foi para ela que eu fiz a primeira leitura, quando achei que tinha um material bom para o teatro. Lembro que ela ficou absolutamente surpresa, porque não conhecia muitas dessas histórias", lembra Paulo Betti.
Repassando
conhecimento
Aproveitando a passagem pela Capital pernambucana, Paulo Betti vai ministrar um workshop de interpretação para teatro e TV, amanhã (24), também na Caixa Cultural.
É a oportunidade de jovens aspirantes a atores e atrizes absorverem um pouco do conhecimento adquirido por alguém que acumula quase 50 anos de carreira.
Para seus alunos, o artista dá o seguinte conselho: "Mantenham os pés bem firmes no chão e tomem nota de tudo. Anote tudo o que você percebe, reflete, pensa e vê. Isso vai te ajudar agora e mais tarde. No momento, funciona como uma psicanálise e, no futuro, vai ser conteúdo".
SERVIÇO
Espetáculo "Autobiografia Autorizada"
Com Paulo Betti
Quando: de hoje (23) até 25 de julho, às 20h
Onde: Caixa Cultural - Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife - Recife
Ingressos por R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada), pelo Sympla
Instagram: @caixaculturalrecife
Informações: (81) 3425-1915