É sob o mote “Da Diversidade Vivemos” que a nova mostra da Arte Plural Galeria, Bairro do Recife, reúne o trabalho cuidadoso de 14 artistas do Nordeste. A exposição, que tem como objetivo mostrar a multiplicidade poética e conduzir a uma reflexão sobre as diferenças e preconceitos regionais, será lançada neste terça-feira (14), para convidados, e aberta ao público amanhã.
Versatilidade artística
Dos nomes participantes, dois são cearenses (Gerson Ipirajá e Blecaute) e dois são nascidos em São Paulo, mas com a alma nordestina.
É o caso de Rinaldo Silva, que mora no Recife. Já Guto OCA habita há mais de uma década em João Pessoa. O elenco segue com dez pernambucanos, sendo eles Priscilla Buhr, Bete Gouveia, Hélia Scheppa, Juliana Souto, Lara Albuquerque, Neilton Carvalho, Mitsy Queiroz, Maurício Castro e Lucas Alves (com uma trajetória artística também na Paraíba).
Mas a diversidade não está apenas nas regiões dos autores, está também nas obras. Com alguns materiais inéditos, a mostra engloba mais de 30 trabalhos, ocupando os dois salões de exposição da APG, que vão desde esculturas e fotografias, além, é claro, das telas.
A curadoria da exposição é assinada pela pesquisadora paulistana e doutora em História da Arte, Joana D’Arc Lima, numa parceria com o professor cearense Lucas Dilacerda.
Definições de arte brasileira
“No cenário nacional, o Nordeste é colocado dentro da gaiola da "arte regional" enquanto o eixo Sul-Sudeste é colocado no patamar da 'arte brasileira'. Não somos brasileiros? O Nordeste não é Brasil? Talvez não! Talvez não sejamos Brasil, mas sim anti-Brasil.
Afinal, 'Brasil' é o nome para um projeto colonial que se iniciou em 1500 com o extermínio de uma infinidade de povos, culturas, línguas e modos de vida que já habitavam nesta terra. Talvez o que fazemos não seja 'arte regional', nem 'arte brasileira', mas, sim, uma arte que discute o território em disputa que habitamos, um território em guerra, na qual tem nome e data, que é o Brasil”, afirma Lucas Dilacerda.
Com quase 18 anos de história e mais de uma centena de exposições de artistas como Ana Vaz, Antonio Mendes, Bete Gouveia, Gabriel Petribú, Maurício Arraes, Raul Córdula, Rinaldo Silva, Sebastião Pedrosa, a APG ficou conhecida pelo incentivo ao cenário cultural de Pernambuco.
Para ecoar imaginários
“Da Diversidade Vivemos” abre a programação de 2023 da galeria e grita a palavra “Nordeste”, ao tentar mostrar como a Região é diversa dentro de si mesma. Missão que não é nada fácil, como explica Joana D’Arc Lima:
“A arte nos mostra outras imagens do Nordeste para além dos estereótipos da seca, fome e miséria, intervindo assim na geopolítica da imaginação. As obras da exposição revelam imaginários plurais, diversos, universais. Afirmar o Nordeste como temática que centraliza e se impõe como necessidade é afirmar nossas diferenças, nossas pluralidades, nossas diversidades, nossos sotaques, nossa expansão e nossas aberrações também”, conclui.
Serviço
Exposição “Da Diversidade Vivemos”
Abertura nesta terça-feira (14), das 18h às 21h (para convidados). Visitação do público a partir de amanhã
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, de 14h às 18h
Onde: Arte Plural Galeria - Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife
Entrada gratuita
Instagram: @arte_plural_galeria