O Paço do Frevo completa uma década de salvaguarda e fomento ao mais genuíno gênero da cultura pernambucana no próximo dia 9 de fevereiro, data em que também é celebrado o Dia do Frevo. Mantido pela Prefeitura do Recife e gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), o Museu recebeu mais de 156 mil visitantes em 2023 - 30 mil apenas na Ocupação Lia de Itamaracá - um recorde de público desde sua fundação.
Com a marca de 970 mil visitantes, o Paço espera chegar ao primeiro milhão de visitantes em 2024, quando completará 10 anos em atividade. “Uma das grandes riquezas do Paço do Frevo é ser um espaço de diálogo de gerações com as agremiações e com as comunidades, que o fortalece. Eu queria fazer um apelo para que em 2024 a gente tenha mais presença dos recifenses no Paço. Para as pessoas que não foram, que estejam lá, frequentem e voltem. E é importante saber que o frevo não é só para o Carnaval. Ele pode e deve ser consumido ao longo do ano”, convoca Ricardo Piquet, diretor-geral do IDG.
Balanço de 2023
Reconhecido pelo IPHAN como centro de referência em ações, projetos, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais tradições culturais do Brasil, em 2023 o Museu criou uma diretoria de Governança e atuou em diferentes frentes, tanto na área de programação, como os já tradicionais Hora do Frevo, Sábado no Paço e Arrastão do Frevo, como nas atividades expositivas e formativas capacitaram mais de 40 mil alunos.
“O Centro de Referência e Salvaguarda do Frevo é um espaço museal, mas ele também tem uma escola de música, de dança, de manualidades para toda a cadeia produtiva do frevo, com destaque para o empreendedorismo feminino. A gente busca os cursos voltados para esse público dentro do Paço do Frevo e também fomentar a programação”, detalha a diretora do Paço do Frevo, Luciana Félix.
Comemorações dos 10 anos
Em entrevista exclusiva à Rádio Folha, Luciana Félix antecipou alguns preparativos para as comemorações pelos 10 anos do Paço do Frevo. Um novo estandarte foi encomendado a Fernando Oliveira, tradicional artesão de Guadalupe, Olinda, por exemplo.
“Eu não sabia, mas Fernando nos contou que existe a tradição da busca do estandarte. Então, a gente vai fazer isso. No dia 14 de janeiro, o estandarte vai sair da casa dele com a bênção de um padre, de uma mãe de santo, com orquestra e passista de frevo. Ele vem em um carro e eu já estou emocionada só de imaginar”, disse Luciana. Ela revelou, ainda, que o Carnaval do Paço do frevo será celebrado no dia 9 de fevereiro, com clarins tocando às 6h, abrindo alas para a folia.
Cultura e economia
O Paço do Frevo, como outros equipamentos culturais, fomentam uma atividade que tem impacto direto e indireto na economia do país e não pode ser visto como gasto, mas sim investimento.
“A cultura está muito viva é um investimento que vale a pena. A Lei Rouanet, por exemplo, é um dos melhores instrumentos de apoio à cultura que eu conheço no mundo. Hoje, 3,2% do PIB do Brasil é da cultura, mais do que a indústria automobilística, por exemplo. E enquanto a cultura tem R$ 1,6 bilhão de incentivo, o automóvel recebeu um anúncio de R$ 200 bilhões nos próximos cinco anos. É muito pouco para a cultura. A cada R$1 investido na cultura, gera R$ 1,60 na economia. É um bom investimento”, argumenta Ricardo Piquet.
Outros equipamentos
Além do Paço do Frevo, o IDG participa junto a um consórcio de investidores privados da gestão do Forte Nossa Senhora dos Remédios, em Fernando de Noronha. No Rio de Janeiro, o IDG está à frente do Museu do Amanhã. Em São Paulo, do Museu das Favelas, que oferece programação composta por produções e exposições protagonizadas em maioria por artistas periféricos.
Para março de 2024, está prevista a reinauguração do Museu do Jardim Botânico. Em uma iniciativa inédita da Shell com o Jardim Botânico, o IDG é o responsável pela revitalização e gestão deste museu que tem como objetivo destacar a missão do Jardim Botânico como instituição de ensino e pesquisa, parte dos bens culturais e naturais da cidade.