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Passa Disco encerra atividades com festa - e música - neste sábado (28)

Sob o comando de Fábio \"Passa Disco\", loja referência em CD\'s e discos raros foi resistência no Recife durante duas décadas

Publicada em 27/09/24 às 12:53h - 40 visualizações

por Por Germana Macambira


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 (Foto: Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco)
Ora pelo que ouvia da mãe Dona Maria das Graças, quando cantarolava melodias que entregavam seu estado de tristeza ou de alegria, ora pelo que passou a consumir a partir dos 10 anos de vida, a música fez morada desde sempre na vida de Fábio Cabral de Mello, 61, que há 21 anos atende também pelo sobrenome "Passa Disco", espaço físico do Recife, entre os mais longevos (e resistentes) da música local e nacional.

Neste sábado, 28 de setembro, a loja - cujas relíquias em CD's, vinis e memórias são partes da cultura pernambucana - fecha suas portas, mas em festa e com a inteireza de seguir como referência para tantos.

"Doloroso é, né? É uma história… Mas foi uma decisão necessária. Estou emocionado mas, feliz, e saio satisfeito com o que cumpri", declara o 'Passa Disco', alcunha que por pouco não foi de "Cantoria". 

"A loja ia se chamar 'Cantoria' por causa do LP de mesmo nome de Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar e Xangai, e eu ouvia, achava bonito. Mas Lula Queiroga disse que seria um nome muito ruim e foi ele quem veio com ''Passa Disco'", contou Fábio, em bate-papo com a Folha de Pernambuco, no espaço que, para além de comercial, ressignificou a (boa) música.

O começo
"Abrimos fazendo um pocket show, e de luxo. Hoje conhecidos nacionalmente, tivemos Alessandra Leão, Juliano Holanda, Tiné e Rudá (Macuca), e participação de Josildo Sá com o grupo Coqueiro Novo. Sempre tinha lançamentos de vinis, de livros, de tudo relacionado à música", conta ele, propagador da sonoridade pernambucana, do frevo à ciranda, do maracatu ao coco e ao forró.

"Começamos com música daqui, estendemos o leque para a música brasileira. Mas a grande maioria de nossos lançamentos foi com artistas locais", ressalta Fábio, que também recebeu nomes como Boca Livre, Tetê Espíndola, Renato Braz, entre outros, além de visitas espontâneas de Elba, Lenine, Zé Renato, Alceu, Ariano Suassuna, e de outros tantos fazedores de música.

Parar por quê?

"Quando abri a loja já existia a pirataria, mas tinha clientela porque havia lançamentos. Mas vieram os downloads, MP3, as plataformas digitais, mesmo assim eu segui. No pós-pandemia, os lançamentos começaram a diminuir consideravelmente, tudo diminuiu tanto que deixei até de catalogar.

Imagine que este ano, 2024, foram lançados apenas dois CD's. Como posso manter viva uma loja de colecionismo se não tem produtos para comercializar?", justifica, sobre o fechamento da loja.

Inicialmente aberta no Sítio Trindade, por lá ficou por 14 anos, até mudar-se para o número 345 da Rua da Hora, no Espinheiro, onde permaneceu por mais sete anos, até a decisão de encerrar as atividades - que seguirão no Instagram (@passa.disco) e no Facebook (Passa Disco).

"Vou postar os CD's (lacrados) e quem quiser pode me procurar que envio. Nem tudo que tem na loja vai ser vendido, e continuaremos nas redes", promete ele que, novamente rendido às lágrimas, entre as memórias, trouxe à tona uma das visitas ilustres à Passa Disco.

"Sempre fui fã de Alceu, e no dia que ele chegou na loja aquilo me impactou. Pensei 'poxa, a loja existe mesmo, se o cara veio até aqui, é porque chegou nele. Enfim…Tenho que agradecer muito, e a muitos. É o primeiro dia que estou chorando, mas estou firme e forte e feliz", declara, com voz embargada.

O bota fora
O apagar das luzes da Passa Disco será regado, é claro, por música e por outras movimentações que envolvem arte, moda e gastronomia. Por lá, amanhã, a partir das 11h, acontece a feira Bora Bora que se junta a já conhecida Feira de Vinil da loja.

O livro "Imagens de uma Década de Sons", de Luciana Ourique, também integra a programação e ganha lançamento no 'bota fora' do espaço.

A discotecagem de Ari Falcão e participação de DJ Dolores, completam a cena de despedida de um espaço já nasceu sob ares nostálgicos e resistentes, tal qual se lê em sua descrição no Instagram, "Passa Disco | Resistindo desde 2003".



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