O paraibano Martinho Patrício abre, nesta quinta-feira (21), às 19h, a exposição individual "Frequência", na Amparo 60. O artista já faz parte do casting da galeria há algum tempo, mas esta será sua primeira mostra na casa, depois de mais de 15 anos sem expor no Recife.
Com curadoria assinada por Ariana Nuala, a exposição reúne 14 trabalhos do artista, incluindo obras mais recentes, produzidas em 2023, e algumas mais antigas, datadas dos anos 1990, com o elemento têxtil como marca registrada, seja no desenho, na pintura, na fotografia, na instalação ou mesmo na performance.
Sobre a exposição
No recorte apresentado na Amparo 60, obras produzidas em linho, renda, fita de cetim e cetim dão a base dos trabalhos em "Frequência".
A maleabilidade e a possibilidade de moldar própria dos tecidos permite ao artista transformar, caracterizar coisas, ambientes, pessoas, criar mundos.
“O meu trabalho é o meu olhar para o mundo. Os meus projetos são formas de como vejo tudo que me toma. Parte deles se inicia na observação do cotidiano, da minha relação com os lugares e pessoas, da afetividade”, explica o artista.
“Eu conheci o trabalho de Martinho em 2012, quando estava fazendo graduação em Artes e, apresentada pelo professor e cenógrafo Eduardo Souza, fui até o seu ateliê, junto com outras pessoas. Naquele momento, já fui impactada por sua produção", destaca Ariana Nuala
No processo de desenvolvimento dessa mostra, Martinho novamente me recebeu em seu ateliê e o que me chamou mais a atenção foi a possibilidade de poder mexer nesses trabalhos dele, ele muito aberto a experimentar, por mais que o trabalho tivesse um significado específico”, completa a curadora.
Frequência reúne apenas obras em tecido e dá maior ênfase à questão cromática, apresentando obras vermelhas, pretas e brancas. Há uma busca pela formação de conjuntos que esse lugar cromático pode trazer.
Além das cores, há uma forte experimentação dos trabalhos com a luz, algo que o artista explorou também na sua individual Recorte, realizada no Sesc Pompeia, em 2023.
“Eu sempre acho que os meus trabalhos tem uma relação um com o outro, como se eu estivesse tecendo uma história, o meu desejo é que essa história não se constitua em um campo fechado, mas em um campo aberto de infinitos caminhos e possibilidades. Sempre procuro a margem, a encruzilhada é uma forma de me manter atento a tudo”, pontua o artista.
As obras que compõem Frequência refletem esses processos, algumas como Grêmio Recreativo são recentes, mas fazem referência aos primeiros trabalhos desenvolvidos por Martinho, no início dos anos 1990.
Há ainda obras como Cardeais (2016), Catiço (2023) e Rubi (2023) nas quais a questão cromática levantada pela curadoria fica bastante evidente.
“Não é um panorama do trabalho de Martinho, não tem essa relação tão histórica. Tem o prazer da experimentação, que eu acho que, como eu falei, tem a ver com essa ideia cromática, mas ao mesmo tempo tem um lugar muito forte de respeitar como os trabalhos dele foram pensados”, explica a curadora.
Segundo ela, o nome Frequência surgiu para batizar a mostra a partir dessa ideia de uma repetição dentro de um desvio. “Eu sinto que Frequência é muito sobre essa ideia. Uma ideia de continuidade, mas que ela está muito atenta também às sinuosidades, ou seja, há uma continuidade, mas ela tem diferentes nuances, diferentes camadas de aprofundamento”.
SERVIÇO:
Frequência, por Martinho Patrício
Curadoria Ariana Nuala
Abertura: 21 de novembro, às 19h
Visitação: de 22/11 a 30/01/2025
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados das 10h às 15h, com agendamento prévio
Galeria Amparo 60 - No 3º andar da Dona Santa (Rua Professor Eduardo Wanderley Filho, 187 - Boa Viagem, Recife - PE, 51020-170).