Depois de um fim de semana de estreia com plateias lotadas, sete apresentações, roda de conversa, mais de 500 quilos de alimentos arrecadados e muitos aplausos, o 27º Festival Internacional de Dança do Recife recomeçou sua programação na última terça-feira (22). Até o domingo, mais 20 espetáculos serão apresentados na cidade, sendo 13 montagens locais, além de seis nacionais e mais uma internacional. A semana conta ainda com performances, debates e sessão de cine dança. Outro destaque é o projeto Primeira Cena, que garante palcos, públicos e oportunidades para novos grupos e artistas da cena local da dança.
Para tirar o Recife todo para dançar, a programação dos próximos dias vai alcançar ruas e espaços públicos, como a orla de Boa Viagem, os bairros de Santo Antônio e Ibura e a Praça do Arsenal, além dos teatros do Parque, Hermilo Borba Filho, Apolo e Santa Isabel. O ingresso para cada sessão é trocado nas bilheterias dos teatros por um quilo de alimento não perecível.
Realizado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Festival iniciou a segunda semana de atividades movimentando o futuro da cultura e das plateias recifenses, com a apresentação do espetáculo “Chegança”, da recifense Cia. Trapiá, na última terça (22), às 16h, para formar públicos para a dança recifense entre os alunos da Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros.
Mais tarde, às 18h30, o Teatro do Parque recebeu a performance “Meu Osso Tá Cortando Feito Faca”, de Gardênia Coleto. A programação do quarto dia da mostra encerra, no mesmo Parque, com uma sessão de Cine Dança, com a exibição de cinco curtas locais, que misturam dança e audiovisual: “Brincantes das Ladeiras”, de Eduardo Santos Nascimento, “Cabocla da Mata”, de Juçara Ribeiro, “Circo em Fervo”, de Vitor Lima, “Dual”, de Anthony Marcos Gomes, e “E no Final, Quem Fica?”, de Samuel Oliveira.
Foi exibido também o resultado da residência de Criação Fílmica com Dança, facilitada pela artista-docente Daniela Guimarães (BA), realizada na semana anterior ao Festival. Após a sessão, haverá um debate sobre a interseção da dança com a sétima arte, com a participação de Daniela Guimarães, Marcelo Sena e Fernanda Capibaribe, com mediação de Gaby Holanda.
Na última quarta-feira (23), o Festival transformou em palco o Hospital da Mulher, na Estância, e a Rua Duque de Caxias, no bairro de Santo Antônio. A primeira apresentação do dia foi às 10h30 e assinala mais um compromisso social da mostra, que levou a obra “Frevo Mulher”, do Grupo Efervescente, para uma apresentação especial, em referência ao Outubro Rosa. A ação é uma parceria com a Secretaria de Saúde do Recife.
O segundo momento do dia foi às 13h, com a apresentação do espetáculo “Na Medida do Possível”, do bailarino paulista Alisson Lima, em um dos locais mais movimentados do Centro do Recife: a Rua Duque de Caxias, no bairro de Santo Antônio. A quarta contou ainda com a pernambucana Iara Izidoro levando para a arena do Teatro Hermilo Borba Filho a obra “O Agora Não Confabula com a Espera”, às 19h.
Ação que estreou no ano passado, na 26ª edição do Festival de Dança, o projeto Primeira Cena abriu a programação da quinta-feira (24), apresentando, no Teatro Hermilo Borba Filho, quatro números de dançarinos estreantes, selecionados entre 29 inscritos: “Caféto”, de Bruna Souza / “Os Atos I, II e III”, do Ballet Nacional de Danças Urbanas (B.N.D.U) / “Frevo Mulher”, de Anastácia Xuanke e Alice Lacerda / “O Que Tinha de Ser”, de Marcos Teófilo.
Às 20h30, sobem ao palco do vizinho Teatro Apolo os bailarinos baianos Marcos Ferreira e Ruan Wills, para apresentar, pela primeira vez no Recife, o espetáculo “Dembwa”. A sessão contará com o recurso de audiodescrição, garantindo a acessibilidade para pessoas cegas.
Convidando o Recife a sextar entre passos, ecos, ocos e contundentes questionamentos sociais, o Festival inicia a programação de seu penúltimo dia com o espetáculo “Passo”, da pernambucana Compassos Cia. de Dança, que vai subverter a rotina da Praça da Várzea com seus movimentos, a partir das 16h.
Também na sexta (25), às 19h e às 19h30, os bailarinos Rafael FX (PE) e Maria Emília da Cruz (SP) apresentarão “Target”, no formato work in progress (quando a obra ainda está em fase final de concepção, mas é submetida ao encontro com o público para ser testada e transformada pela reação da plateia); e “Eco, Oco Preso no Peito”.
Às 20h30, o Teatro do Parque recebe uma das mais aguardadas montagens da edição 2024: o espetáculo, também inédito na cidade, “Reino dos Bichos e dos Animais, Esse É o Meu Nome”, marcado pela contundência do aclamado coletivo Cida, do Rio Grande do Norte, formado por artistas emergentes, pluriétnicos, com e sem deficiências, que utilizam, em seus processos criativos, uma metodologia autoral, batizada por eles de “dança-tragédia”, para coreografar gargalos e mazelas sociais.
No derradeiro fim de semana (dias 26 e 27), a programação será intensa. O sábado já começa com a terceira e última atração internacional, “Kdeiraz”, produção conjunta entre Brasil e Portugal, dedicada ao público infantil, que embaralha o imaginário coletivo, colocando cadeiras, a mais inquestionável representação imagética da estabilidade e do corporativo, para dançar e se transformar em tudo que não é: aranha, piada e até “cãodeira”.
Às 16h, também no formato work in progress, “Campo Minado”, de Daniel Sembrenome e do Grupo Experimental (PE) chega ao Campo do Nacional, na UR-1, no Ibura. A apresentação será seguida de bate-papo com a comunidade.
O penúltimo dia encerra no Teatro do Parque, às 20h, com o aguardado espetáculo “Ainda Não”, de Marcelo Evelin, do Piauí, que se debruça e movimenta sobre o mesmo tema deste Festival Internacional de Dança do Recife: a longevidade do ritmo, da emoção, da expressividade, do vigor e da poesia, que persistem nos corpos que celebram a passagem do tempo dançando.
Para se despedir de seus públicos, o Festival vai começar cedo no último dia de programação. No domingo (27), debaixo do sol da Praia de Boa Viagem, às 12h, o Coletivo Debonde, do Rio de Janeiro, apresentará na orla, entre banhistas e transeuntes, a performance “Debandada”.
A programação acaba, a partir das 15h, na Praça do Arsenal, com a fusão de três rolês dançantes tão caprichados quanto recifenses: Batalha da Escadaria, Batalha de Danças Urbanas e Baile Charme. Impossível resistir a tantos convites para dançar.
Ingresso solidário
Com adesão em massa das plateias, a campanha promovida pela 27ª edição do Festival Internacional de Dança do Recife já arrecadou, nos três primeiros dias de programação, um total de 524 quilos de alimentos não perecíveis, entre feijão, arroz, açúcar, farinha, macarrão, fubá e outros. O apurado será direcionado a uma das quase 40 instituições sociais que integram o Banco Municipal de Alimentos, um programa de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Executiva de Assistência Social do Recife. O Banco opera como uma central de arrecadação e distribuição de alimentos desde abril de 2023.
PROGRAMAÇÃO
27 º Festival Internacional de Dança do Recife
SEXTA-FEIRA (25)
Praça da Várzea
16h - “Passo”, da Compassos Cia. de Dança (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho
19h - “Target” (Work in Progress), de Rafael FX (PE)
19h30 - “ECO, OCO PRESO NO PEITO”, de Maria Emília da Cruz (SP)
Teatro de Santa Isabel
20h30 - “Reino dos Bichos e dos Animais, esse é o meu nome”, do Coletivo CIDA (RN)
SÁBADO (26)
Parque Dona Lindu
16h - “Kdeiraz” (Brasil/Portugal)
Campo Nacional (UR-1 Ibura)
16h - “Campo Minado” (work in progress), de Daniel Sembrenome e do Grupo Experimental (PE)
Teatro do Parque
20h - “Ainda Não”, de Marcelo Evelin (PI)
DOMINGO (27)
Avenida Boa Viagem (em gente ao Edf. Acaiaca)
12h - “Debandada” (RJ)
Praça do Arsenal
15h - Batalha da Escadaria + Batalha de Danças Urbanas + Festa Baile Charme